Na área de mecânica, este recurso pode ser utilizado para analisar os detalhes internos de um equipamento.
Veja a representação de uma caixa de redução cortada fisicamente, pois podemos visualizar os componentes internos.
HACHURAS
Os objetos, quando são representados pelos cortes, mostram os detalhes das seções interceptadas ou não pelos planos e essas representações dependem do material que os objetos são constituídos, pois para cada material, existe uma representação denominada como hachura.
A hachura utilizada para representar a textura da maioria dos materiais é composta por linhas estreitas inclinadas a 45º das linhas de contorno ou de simetria, conforme ABNT NBR 12298 de 1995 – Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico.
Observe, nas imagens seguintes, que de acordo com os materiais, podemos utilizar outros modelos de hachuras nos desenhos técnicos mecânicos, conforme classificações da ANSI (American National Standards Institute).
Quando aplicamos o corte físico, temos acesso aos detalhes internos e podemos ver e analisar todos os componentes da caixa de redução. Mas se fizermos isso, iremos danificar o equipamento e, para que isso não ocorra, podemos utilizar os recursos da representação gráfica, ou seja, utilizar as técnicas de desenho técnico mecânico e procedimentos que seguem normas e regras.
Devemos nos familiarizar com os recursos de corte disponibilizados pelo desenho técnico mecânico. Aplicando estas técnicas, podemos representar todos os detalhes dos objetos, sejam simples ou complexos, sem cortar fisicamente os objetos.
Para aplicar os recursos de corte, temos primeiro que conhecer o que é um plano. Em desenho técnico, um plano é um conjunto de retas dispostas de forma infinita. Um plano possui somente duas dimensões (comprimento e largura). Devemos conhecer também outros elementos de desenho, importantes para a representação dos cortes.
CORTE TOTAL
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Figura 04 - Corte total |
Imagine um plano como uma folha bem fina, passando por um objeto de uma extremidade a outra, separando e expondo a área interna. Nesse caso, temos uma representação de corte total ou pleno do objeto, conforme pode ser visto nas imagens acima.
A seção cortada é representada por uma linha, constituída de traços largos e pontos e setas que indicam a direção do corte, acompanhada de duas letras maiúsculas do alfabeto. Veja, na figura seguinte, a representação correta da linha de corte e a seção com hachura. O corte total pode ser classificado em longitudinal, transversal e horizontal.
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Figura 05 - Corte longitudinal. |
Corte longitudinal: é criado a partir da interceptação do objeto pelo plano imaginário, ao longo do comprimento.
Corte transversal: é criado a partir da interceptação do objeto pelo plano imaginário, ao longo da seção transversal.
Corte horizontal: é criado a partir da interceptação do objeto pelo plano imaginário, na direção horizontal.
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Figura 06 - Corte transversal. |
Em estruturas metálicas, podem ser utilizados vários tipos de perfis, entre eles perfil U, perfil T, perfil L (cantoneira), perfil I, entre outros. No desenho de um conjunto formado por esses perfis, para especificar o perfil e quais as medidas, podemos utilizar o recurso de corte de seção.
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Figura 07 - Corte horizontal. |
A seção de corte é representada através da linha que chamamos de traço ponto idêntica que representa a simetria de um desenho técnico, apenas com a diferença de conter nas extremidades traços mais longos que os demais.
Na representação de corte devemos ao final desta linha de partição identificar o corte por letras maiúsculas do nosso alfabeto, não devemos repetir a mesma letra de identificação em um mesmo desenho e com o ponto de vista para o corte representado por setas que mostram o seu sentido. E não há problema se por uma necessidade a linha de seção coincidir com a linha de simetria.
OUTROS TIPOS DE CORTE
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Figura 08 - Meio corte. |
Caso o objeto apresente simetria, ou seja, suas extremidades sejam iguais, no corte, uma parte do objeto não é representada em detalhe. Podemos utilizar a representação em corte de 1/4 do objeto, assim, teremos uma representação de
meio corte.
Quando a peça a ser representada não é simétrica, o plano de corte precisa desviar-se para captar a maior parte dos detalhes. Neste caso, a linha indicativa do corte é contínua e larga, tanto nos extremos, quanto nas mudanças de trajetórias. Neste caso, temos o
corte em desvio, como podemos ver a seguir.
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Figura 09 - Corte em desvio. |
Se o objeto apresenta detalhes internos, podemos realizar uma representação de corte de uma pequena seção, onde existem os detalhes de interesse. Assim, se o corte for realizado em uma pequena parte do objeto, teremos o
corte parcial.
Como pôde ser observado, diferente dos demais cortes, o limite do corte parcial pode ser representado através da linha contínua à mão livre.
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Figura 10 - Corte parcial. |
Elementos tais como: eixos, pinos, parafusos, porcas, dentes de engrenagem, chavetas, rebites e nervuras, quando seus eixos longitudinais estiverem no plano de corte, não serão cortados, portanto, não serão hachurados.
Nas vistas em corte não se deve colocar linhas tracejadas. As arestas invisíveis que estão situadas além do plano de corte só devem ser representadas se forem necessárias à compreensão da peça.
A disposição das vistas em corte deve seguir a mesma disposição das vistas principais.
Nesta unidade de estudo foi possível perceber como é importante para o técnico em mecânica ter o conhecimento do emprego dos elementos básicos e essenciais, utilizados em representações em corte.
© Direitos de autor. 2020: Gomes; Sinésio Raimundo. Última atualização: 22/02/2020